Esse
era o doce preferido do meu bisavô e um dos doces preferidos do meu pai. Cresci
comendo muito papo de anjo feito pela minha mãe e esse deve ser um dos motivos
dos doces portugueses, feitos a base de ovos, serem os meus preferidos dentre
tantos outros doces existentes e que já experimentei. Logico que nessa
comparação o chocolate, em barra mesmo, e sendo amargo, não entra no páreo J esse é, de longe, a minha
preferencia mas, como disse, esse está em outro nível. Rsrsrsrsrs
Voltando
a historia do Papo de Anjo, esse é o doce perfeito para aproveitar gemas, seja a
quantidade que for, que estiverem na sua geladeira – e esse foi o meu caso.
Minha filha havia pedido para fazer um Torta Suíça de Chocolate, que tem como
base do bolo claras, praticamente não leva farinha de trigo. A receita original
dessa torta tem recheio de chantili, que nós aqui em casa não somos muito fã
então, minha versão, leva marshmellow de recheio – mais claras e mais sobras de
gemas. Saldo final 14 gemas sobrando na geladeira. O que fazer? Papo de Anjo!
O
Papo-de-Anjo é um doce típico português, assim como a maioria dos doces a base
de ovos, principalmente os de gema. A notoriedade dos doces portugueses, da
doceria conventual, é antiga: vem do século XV, quando Portugal iniciou uma
produção de açúcar em larga escala em suas colônias atlânticas, incluindo o
Brasil com o cultivo da cana-de-açúcar.
A princípio, a tarefa era uma responsabilidade das irmãs monjas. No início da Época Moderna, a população feminina dos conventos era, em sua maioria, composta de mulheres que não tinham escolhido o hábito por fé, e sim por imposição social – normalmente, familiar. A feitura de quitutes ajudava a suportar a rigidez do claustro.
Essa produção ganhou grande impulso nos séculos XVIII e XIX, quando Portugal passou a ser o principal produtor de ovos da Europa, e possivelmente do mundo. A maior parte dela tinha destino certo: a clara era um elemento purificador na fabricação do vinho branco – e servia para engomar as roupas da aristocracia e os hábitos de freiras e padres.
Mas com tanta clara sendo exportada para países europeus produtores de vinho, como França, Espanha e Itália, qual seria o destino das gemas? As freiras, em seu ritual de separá-las, perceberam que o desperdício poderia se transformar num “pecado lucrativo”: a produção de iguarias finas que se tornaram a marca registrada da culinária lusitana. Nas fazendas mantidas pela Igreja, nos mosteiros e, principalmente, nas centenas de conventos que se espalhavam pelo interior do país, a gema servia de alimentação para as criações de porcos e outros animais, que, por sua vez, alimentavam monges, freiras e aldeões das redondezas. Mas a gema disponível era tanta que ainda assim sobrava.
A princípio, a tarefa era uma responsabilidade das irmãs monjas. No início da Época Moderna, a população feminina dos conventos era, em sua maioria, composta de mulheres que não tinham escolhido o hábito por fé, e sim por imposição social – normalmente, familiar. A feitura de quitutes ajudava a suportar a rigidez do claustro.
Essa produção ganhou grande impulso nos séculos XVIII e XIX, quando Portugal passou a ser o principal produtor de ovos da Europa, e possivelmente do mundo. A maior parte dela tinha destino certo: a clara era um elemento purificador na fabricação do vinho branco – e servia para engomar as roupas da aristocracia e os hábitos de freiras e padres.
Mas com tanta clara sendo exportada para países europeus produtores de vinho, como França, Espanha e Itália, qual seria o destino das gemas? As freiras, em seu ritual de separá-las, perceberam que o desperdício poderia se transformar num “pecado lucrativo”: a produção de iguarias finas que se tornaram a marca registrada da culinária lusitana. Nas fazendas mantidas pela Igreja, nos mosteiros e, principalmente, nas centenas de conventos que se espalhavam pelo interior do país, a gema servia de alimentação para as criações de porcos e outros animais, que, por sua vez, alimentavam monges, freiras e aldeões das redondezas. Mas a gema disponível era tanta que ainda assim sobrava.
A quantidade de matéria-prima, aliada à fartura do açúcar que vinha das colônias, se transformou em inspiração para o surgimento de experimentos doceiros à base de gema de ovos realizados pelas cozinheiras dos conventos. Não por acaso, muitos nomes de doces portugueses são inspirados na fé católica: argolas da abadessa, barrigas de freira, beijo de frade, fatias celestes, farrapos do céu, manjar celeste, orelhas de abade, palmas de abade, papos de anjo, queijos do paraíso, toucinho do céu e o pão de ló, etc.. (Fonte: O Céu na Boca, Fabiano Dalla Bona). A receita é da família, feito por minha mãe a anos.
Ingredientes
14
gemas de ovos frescos
750gr
de açúcar
1 colher
de chá cheia de essência de baunilha
3
xícaras de água
Manteiga
para untar as formas
Comece
fazendo a calda. Em uma panela coloque o açúcar, a baunilha e a água e leve a
fogo médio até que a calda esteja em ponto de fio ralo. Reserve. Coloque as
gemas na batedeira e bata até que elas dobrem de tamanho e fiquem bem
esbranquiçadas. Unte forminhas de empadas com a manteiga e disponha porções de
gema até a metade da forma. Coloque as forminhas em uma tabuleiro e leve ao
forno pré-aquecido a 180º. C por 20 minutos ou até que os papo de anjos estejam
crescidos e cozidos. Ao espetar um palito este deve sair limpo. Deixe esfriar
um pouco, retire os papo de anjos da forma e coloque-os na calda. Guarde na
geladeira.
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